Vida Difícil no Brasil: O Peso do IPVA em Minas Gerais

Como o aumento anual do imposto reflete os desafios econômicos do país

Um País em Crise

Viver no Brasil nunca foi fácil, mas os últimos anos parecem ter elevado o desafio a outro patamar. A inflação que não dá trégua, o desemprego persistente e o custo de vida cada vez mais alto têm colocado os brasileiros em uma situação delicada. Para quem tem um carro, seja para trabalho ou necessidade básica, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) se tornou um símbolo desse aperto financeiro. Em Minas Gerais, especialmente, o aumento anual do IPVA vem pesando no bolso dos motoristas, refletindo tanto a crise econômica quanto as políticas locais.

A pandemia da Covid-19 deixou marcas profundas. Com a redução na produção de carros novos e a alta demanda por usados, os preços dos veículos subiram absurdamente. Isso, combinado com uma inflação galopante — que chegou a 4,62% em 2023 pelo IPCA —, fez o valor venal dos carros disparar, impactando diretamente o IPVA. Em Minas, onde a alíquota para carros de passeio é de 4%, uma das mais altas do país, o tributo se torna ainda mais salgado.

O IPVA em Minas Gerais: Um Aumento Sem Fim

Em Minas Gerais, o IPVA tem uma história de aumentos que acompanha a valorização dos veículos na tabela Fipe. Em 2021, o governo estadual tentou amenizar o impacto da crise congelando o imposto, mantendo os valores de 2020 para 2022. Na prática, isso segurou um reajuste que poderia ter sido de mais de 22%, já que os usados subiram em média 22,81% naquele período. Mas essa trégua acabou em 2023, quando o IPVA voltou a ser calculado com base nos preços atualizados da Fipe, resultando em aumentos que chegaram a quase 50% em alguns casos.

Para 2023, o fim do congelamento pegou muitos mineiros desprevenidos. Um carro que pagava R$ 500 de IPVA em 2022 saltou para R$ 614 em média, mas relatos de motoristas mostram valores bem mais altos dependendo do modelo. Em 2024, a Secretaria de Estado de Fazenda (SEF-MG) anunciou uma queda média de 3,37% no valor devido à depreciação dos usados, mas isso não compensou os aumentos anteriores. Já para 2025, a estimativa é de R$ 11,9 bilhões em arrecadação, um salto de 12% em relação a 2024, impulsionado por uma frota que cresceu 4% e atingiu 11,65 milhões de veículos. Isso sugere que, mesmo com oscilações, o IPVA continua subindo em termos absolutos.

O que torna isso mais frustrante é a sensação de que o dinheiro não volta em serviços. Estradas esburacadas, saúde precária e educação em crise são reclamações constantes em Minas. Um motorista de aplicativo, por exemplo, paga 4% do valor do seu carro — muitas vezes seu meio de sobrevivência — mas enfrenta ruas em péssimo estado e pouca infraestrutura. "Pagar IPVA caro pra andar em buraco é revoltante", dizem muitos nas redes sociais.

Por Que Está Tão Difícil?

As dificuldades no Brasil vão além do IPVA. A renda média não acompanha a inflação, e o carro, que já foi um símbolo de conquista, virou um peso para muitos. Em Minas, o governo justifica a alta alíquota e os aumentos com a necessidade de equilibrar as contas — 40% do IPVA vai para o estado, 40% para os municípios e 20% para o Fundeb. Mas a crise fiscal do estado, com uma dívida de R$ 165 bilhões com a União, mostra que o problema é mais profundo. Enquanto isso, o cidadão comum sente o aperto sem ver melhorias claras.

Ser "bom pagador" dá um desconto de 3% no IPVA em Minas, e a cota única oferece mais 3%, mas isso é um alívio pequeno diante de aumentos acumulados. Para 2025, o calendário mudou para fevereiro, adiando um pouco o impacto, mas não resolve a questão de fundo: o custo de vida está insustentável, e o IPVA de Minas Gerais é só mais um exemplo disso.